quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Entrevista com Edson Aran





Por Helder Miranda

em dezembro de 2009


"Playboy é uma revista libertária, sempre foi", Edson Aran. 

Atuando desde 2006 como diretor de redação da revista Playboy, após uma bem-sucedida reformulação na concorrente Sexy, Edson Aran é hoje um dos nomes mais fortes do jornalismo brasileiro. É ele quem convence as famosas, que povoam o imaginário erótico brasileiro, a estamparem as capas da publicação, sempre envoltas em muita especulação a respeito de quem será a próxima. Nessa conversa franca, pela primeira vez na região, fala sobre machismo, nudez feminina e medo de envelhecer.

Quais os principais argumentos para convencer uma mulher a ser capa da revista?
Não é financeiro, posso garantir, embora este seja o segundo argumento mais importante na hora do assédio. O principal é que faça sentido na carreira da estrela de capa, que seja algo que acrescente, um trabalho importante na carreira dela. Se fizer sentido para a estrela de capa, o restante se soluciona. E se não fizer, não haverá dinheiro que a convença do contrário.

A Playboy já foi considerada pela crítica uma publicação machista?
Nos anos 70, foi considerada machista pelas feministas brasileiras (um grupo de seis mocreias solteironas). Era uma época de posições muito radicais, pré-Camille Paglia, pré-Sex And The City, na qual os conceitos de “machismo” e “feminismo” ainda estavam muito embaralhados.

Qual o seu ponto de vista sobre o assunto?
Na verdade, a revista tem um papel importante na liberação sexual e, portanto, na liberação da mulher. Playboy é uma revista libertária, sempre foi. Foi a primeira revista masculina a tratar a mulher como companheira do homem, com o mesmo direito ao prazer e à liberdade.

Capas nada óbvias, como a de Fernanda Young, representam um avanço na maneira de o brasileiro lidar com o erotismo?
Na verdade, a Playboy sempre trabalhou com os diversos tipos de beleza que compõe a mulher brasileira. Nos anos 80, por exemplo, a revista tinha capas com as mulatas do Sargentelli e também com a Dina Sfat. Nos anos 90, com as Sheilas (Mello e Carvalho, dançarinas do extinto grupo de axé É o Tchan!) e também com a Marina Lima. Não tem novidade aí. A Fernanda Young é gostosa, é uma mulher sensual e isso está evidente no ensaio do Bob Wolfenson, um dos melhores já publicados O resto é inveja de mulher que gostaria de ser a Fernanda Young e não é.

Como os homens iguais a você, que só lidam com beldades, encaram o envelhecimento?
Muito mal, como todo mundo, mas não vou entregar os pontos. Estou malhando, coisa que nunca fiz na vida, e estou gostando da experiência. Uso shampoo para manter os cabelos no lugar, protetor solar para evitar mais rugas, essas coisas. Além disso, a genética me ajuda. Modéstia à parte, eu pareço dez anos mais novo do que sou. É sério.

Alguma das "coelhinhas" da publicação já o deixou constrangido de alguma forma?
Não que eu me lembre. Não é muito fácil me constranger. Além disso, tem muita gente envolvida num ensaio de capa. O estúdio está sempre cheio de gente.

Como você explica a Mulher Melancia vender mais que a Flávia Alessandra?
Mulher Melancia é um desses fenômenos inexplicáveis que surgem de vez em quando. É igual furacão, tsunami, terremoto. Ninguém explica, simplesmente acontece. Agora, na edição regular, Flávia Alessandra, em 2006, vendeu mais que a Melancia em 2007. O que acontece é que fizemos vários produtos com a Melancia - pôster, especial, DVD - e todos venderam muito bem. Na soma total dos produtos, a Melancia vendeu mais de meio milhão de revistas. 

O que mais atrapalha uma negociação na revista?
Notícias mal apuradas, maldosas ou simplesmente inventadas e publicadas por maus jornalistas. Eu entendo que uma boa coluna de celebridades precisa de fofoca, mas jornalismo ainda se faz com apuração, não com ficção.

O que tem a dizer sobre as informações divulgadas por Fabíola Reipert de que a capa de Fernanda Young encalhou nas bancas?
Já falei sobre maus profissionais na pergunta anterior. Decidi que não vou mais comentar ficção. Não sou crítico literário. 

Algum dos envolvidos nas fotos das modelos nuas já se apaixonou por alguma delas?
Ah, possivelmente. Afinal, são 35 anos de revista, mais de mil mulheres já tiraram a roupa para a Playboy brasileira (são três por edição, 12 edições por ano, fora os especiais). Se isso aconteceu, tudo foi muito, muito discreto.

Você pode adiantar algum nome que será brevemente divulgado como capa da publicação?
A capa de janeiro é a Juliana Salimeni, do Pânico na TV. Em fevereiro, a Renata Santos, madrinha de bateria da Mangueira. E, em março, Mônica Apor, repórter do TV Fama, mas, lembre-se, planos existem para serem mudados.

Geisy Arruda disse que tem preferência pela Playboy. Qual o real interesse da publicação por ela?
Queria ter feito um especial para sair em dezembro. Infelizmente, isso não se concretizou. Voltaremos a conversar no ano que vem, se a Geisy continuar despertando paixões.

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